Chega ao País a moda das butiques de criação
A tendência das butiques criativas - que tem a proposta de ter estrutura pequena, agilidade no atendimento e ousadia na criação - começa a se estabelecer no Brasil. Na semana passada, o publicitário Alexandre Peralta anunciou uma sociedade com a agência holandesa StrawberryFrog, uma das referência internacionais entre as butiques criativas. Já a festejada Nitro, fundada em Xangai por australianos, está chegando ao País, negociando a compra de uma agência em São Paulo. As duas iniciativas rompem a resistência do mercado nacional a esse modelo.
A demora da adoção da agências-butique se deve, segundo os próprios profissionais da área, ao sistema de remuneração do mercado nacional atrelado à comissão da compra de mídia. As butiques, também chamadas de hotshops, cobram seu trabalho de forma flexível, que pode ser por projeto ou por participação nos resultados.
'A relação entre anunciante e agência com pagamento por contrato garante isenção nas recomendações das ações adotadas, porque a agência não depende da veiculação de mídia para fazer caixa', diz Peralta.
Para Peralta, a atuação modular se ajusta melhor à demanda do cliente porque a equipe da agência cresce ou diminui em função da tarefa. 'As agências tradicionais mantêm entre 150 e 300 funcionários e precisam garantir receita que mantenha essa estrutura. O tamanho inviabiliza o trabalho por projeto e pode tirar a liberdade de criação', diz ele.
Grandes marcas, como Coca-Cola, Nike e Axe (Unilever), descobriram faz anos a agilidade das chamadas butiques e já delegaram parte de suas verbas publicitárias para pequenas agências com esse perfil. A pressão por inovação na comunicação tem acelerado esse processo.
Na década de 90 surgiu a agência americana Wieden + Kennedy, situada em Portland, e não no eixo central do núcleo criativo da propaganda entre Nova York e Londres. A partir daí, o movimento das hotshops ganhou impulso. Há oito anos, apareceu a holandesa StrawberryFrog e a inglesa Mother. Atualmente há filhotes em vários países como a Taxi, no Canadá, a Madame Rushmore, na Espanha, e as Santo e La Comunidad, na Argentina.
Washington Olivetto, presidente da W/Brasil , acredita que a onda das hotshops não passa de uma nova definição para algo que sempre caracterizou a publicidade. Seria a clássica situação do criativo que abre uma agência pequena com características inovadoras, que vai crescendo, ganha musculatura e torna-se uma grande agência. Uma rotina que a sua própria carreira descreve. Olivetto saiu da DPZ para criar a W/ Brasil há 20 anos.
No que se classificaria como as hotshops brasileiras estariam hoje as agências Santa Clara e Famiglia. As duas abriram suas portas no último ano. 'Não temos pretensão de ser grandes e perder a agilidade', diz Fernando Campos, um dos sócios da Santa Clara. 'Hoje em dia, graças à tecnologia, é possível manter uma estrutura enxuta e capaz de oferecer soluções de comunicação personalizadas a cada cliente, o que era impossível há 20 anos atrás'.
Átila Francucci, sócio da Famiglia, diz que a butique criativa requer uma fórmula de atuação em constante construção. 'Afinal, é esse espírito que gera o nervosismo que a novidade requer', filosofa. Francisco Petros, também sócio da Famiglia e que saiu do mercado financeiro para se aventurar no mundo da comunicação, diz que sua visão pragmática dos negócios teve que se reestruturar. 'propaganda é um negócio de idéias, que não se pode mensurar. É subjetivo e requer agilidade para funcionar.'
Para muitos publicitários o modelo de butique parece se adaptar melhor às necessidades do momento de transição pelo qual passa o mercado de comunicação. Afinal, as demandas dos anunciantes se tornaram multimídias e a flexibilização e rapidez da agência são mais do que adequadas ao momento.
'Não é tanto questão de tamanho, mas de ter capacidade de romper com estruturas acomodadas e inaugurar caminhos que dêem resultados na tarefa de produzir imagem e construir marca', diz Francucci.
terça-feira, 4 de setembro de 2007
Chega ao País a moda das butiques de criação
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