domingo, 10 de junho de 2007

Edson Matsuo - Grendene



Edson Matsuo é Gerente da Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento de Produtos Grendene e responsável pelo desenvolvimento de todas as linhas da empresa, como Rider e Melissa.





Formado em arquitetura, e começou sua trajetória na Grendene na década de 80, quando foi contratado para fazer consultoria. A sua função era desenvolver um novo layout para uma bicicleta infantil feminina. Surgiu, então, a idéia de criar um novo produto com a matéria prima da empresa: chinelos. E foi tarefa do Matsuo criar um layout para a marca Rider e os desenhos estampados no chinelo. O sucesso de vendas gerou novas linhas de produtos. Hoje, ele é responsável pelo desenvolvimento de todas as linhas de produtos da Grendene.





Durante o evento, Matsuo falou sobre três elementos que devem ser levados em conta para o desenvolvimento de produtos: EXPERIÊNCIA, SIMPLICIDADE E SUSTENTABILIDADE.







EXPERIÊNCIA






· Matsuo falou da importância de criar uma experiência, e não apenas um produto. O consumidor busca o benefício e não apenas o uso. Por isso devem ser criados diferenciais, que não podem ser apenas itens decorativos, mas novos elementos que tornem a experiência do consumidor mais prazerosa.


· Como exemplo falou do iPod: “O sucesso do IPod não é o aparelho, é o software. A mágica está no iTunes”. Ter apenas o aparelho não significa nada. Você precisa do software para dar vida ao produto.


· Hoje eles possuem uma parceria com a BOX, que gera pesquisas voltadas para o comportamento do consumidor, buscando acompanhar o “uso” do produto. Ele disse que as pesquisas são mais utilizadas como balizadores de sucesso do que inspiração para novos projetos. Ela demonstra o que deu certo ou errado, o porquê e os ajustes que podem ser feitos para a nova coleção.


· Citou alguns exemplos, como um modelo dos produtos Gisele Bündchen, que era utilizado de outra maneira por consumidoras da Bahia. Esse novo “estilo” de usar foi adotado na outra coleção. Outro exempl, é de um homem no nordeste que se especializou em costurar ou pregar as tiras dos chinelos Rider, que se soltavam facilmente. Nos modelos de hoje, isso não acontece mais. “Assistência técnica só é criada pela incompetência da fábrica”.





A Melissa


· Para falar de experiência, Matsuo usou diversas vezes o case Melissa.


· A Melissa já é considerada uma categoria de produtos: ela não é tênis, não é sandália, não é sapato, é a Melissa.


· A Melissa é o único produto que, quando você pega na mão, automaticamente cheira. Porque ela tem um cheiro característico, e isso já foi incorporado pelas consumidoras. É um padrão Melissa, uma conquista do produto. Não que isso tenha sido feito propositalmente: talvez não tenha sido pensado e desenvolvido, mas seja uma conseqüência da produção. Hoje, porém, faz parte da personalidade da marca.


· Dentro da Grendene, a Melissa é vista como uma outra empresa. Existe uma estratégia diferenciada, um marketing diferenciado. “E isso foi uma conquista, porque você não pode comparar a Melissa com outros os produtos, ela é diferenciada”. Ela é um laboratório dentro da empresa.


· A Galeria Melissa também foi citada como um ponto positivo de experimentação da marca. “É para ser um local aconchegante, que todos podem circular, se divertir. Mulheres, crianças”.


· Ele informou que não existe um mercado teste para os produtos. Não é como a Coca-cola ou a Pepsi que lançam o produto em algum mercado teste. Os produtos são lançados em todo o país de uma vez só.







SIMPLICIDADE






· A simplicidade está relacionada à produção e ao desenvolvimento do produto. E simplicidade não significa que seja algo simplório. É pensar em formas simples para tornar a experiência com o produto cada vez melhor.


· Às vezes, ter muitos recursos pode até atrapalhar o processo de desenvolvimento de produtos. “As soluções mais simples geralmente são as que trazem maiores resultados”. Sempre com foco no resultado, no benefício do uso.


· Ele disse que possui um verdadeiro museu de “quinquilharias”, objetos e produtos coletados que possuem um design diferenciado, ou uma solução inteligente para o uso. Antes ele simplesmente guardava, hoje já possui um arquivo com data, marca, onde achou etc.








· Existem três elementos importantes para o desenvolvimento de um produto:


1. A idéia – que representa 1% do trabalho;


2. A implementação – que representa 79%. A idéia tem que ser possível de ser colocada em prática, não adianta só uma idéia em um papel, é preciso que seja viável;


3. Resultado – 30%. É preciso que dê resultado. Não pode ser apenas uma criação bonita ou uma inovação, tem que trazer resultados para a empresa.





· Matsuo falou bastante em inovação. Para ele, é uma palavra batida e muitas vezes exigida pela empresa. Mas existem dois pontos importantes para serem avaliados sobre a inovação:


1. Quais são as fontes e os recursos que se está utilizando para essa inovação. Para inovar é preciso buscar outras fontes, olhar onde ninguém está olhando. “Enquanto todos os calçadistas vão em feiras desse setor, eu vou em uma feira de motoqueiros, ou de pneus. Busco outras fontes. Porque se todo mundo cria baseado na mesma informação, como você vai inovar?”


2. E segundo, e mais importante é o QUANDO. Às vezes a empresa está desenvolvendo algo novo, mas a concorrência lança antes. Ou o público ainda não está preparado para essa inovação. “Às vezes você lança antes e as vendas não são boas, depois a concorrência copia e lança no tempo certo e vende milhões. Isso já aconteceu diversas vezes, porque as pessoas tendem a rejeitar tudo aquilo que não conhecem, é da natureza humana, é auto-defesa”.





· Além disso, outra questão importante sobre inovação está relacionada à experiência. Não adianta criar ou inovar sem se basear na experiência de uso do produto. A inovação também precisa de conteúdo, precisar ter uma razão de ser. Ele citou como exemplo uma colher da Häagen Dazs no Japão que parece uma “calda de sorvete”, por ser mole e flexível. Ela faz parte da experiência de consumo: comer sorvete com essa colher é mais gostoso.







SUSTENTABILIDADE



· Foi bastante incisivo sobre essa questão, no quanto hoje a Grendene busca ser ecologicamente correta. Hoje a empresa não gera resíduos, tudo é reaproveitado e reutilizado.


· Se um novo produto necessitar de material diferente, que gere resíduos, é preciso uma autorização da empresa. “Esse novo modelo tem que valer muito a pena para ser produzido”.


· Matsuo acredita que as empresas precisam entender que não existem recursos ilimitados, e que não podemos sugar tudo aquilo que precisamos da natureza.


· Tudo isso deve ser pesado ao desenvolver um novo produto. Pensar em soluções simples, que utilizem menos recursos e agridam menos a natureza.





Outros Pontos


· Fez uma dura crítica ao mercado de ensino de design, e no quanto as pessoas estão se especializando: designer de produto, designer de embalagem etc. Ele não vê isso como algo positivo, já que um profissional de design precisa ter a visão do todo.


· A filosofia e a prática da empresa é muito importante. Matsuo afirmou que a Grendene investe em novos recursos, novas tecnologias, novas fontes de informações. E isso é muito bom para o desenvolvimento de novos produtos.


· Também falou sobre os licenciamentos. O criativo tem que pensar diferente para esse tipo de produto. “Se você vai criar um tênis Hot Wheels, você tem que esquecer que cria sapatos, e imaginar que é um concorrente da Mattel. Porque esse tênis vai concorrer com um brinquedo”.







Resumo gentilmente copiado e colado do cjc-Carla Link - Planejamento da Dez Propaganda.