segunda-feira, 27 de agosto de 2007

VoIP

Até 2010, 95% das grandes companhias do mundo usarão o VoIP para suas ligações

Por ANDRÉ BORGES
No Japão, fala-se ao celular por meio da rede de internetVocê aperta o botão e nós fazemos o resto. Nada mais atual do que a lendária frase citada pelo inventor George Eastman nos idos de 1888, para marcar o lançamento de sua câmera fotográfica amadora Kodak. O slogan, que no século XIX girou o globo para difundir a popularização da fotografia, resume bem a reviravolta que as tecnologias da informação também causaram nos últimos anos, mais precisamente, na última década.
Os cliques da internet colocaram o mundo dos negócios de pernas para o ar, mudaram a forma das pessoas se relacionarem, construíram e destruíram regras de mercado, mexeram com os brios do setor financeiro, fizeram fracassados e milionários de um dia para o outro. Hoje, passadas as bolhas e bugs de milênios, muitos executivos folgam seus cintos ao afirmarem que o que predomina é uma sensação de crescimento consolidado do meio eletrônico, o que dá uma certa "tranqüilidade" quanto aos rumos da evolução tecnológica e de seus impactos em diversos setores.
O universo dos bits, que sempre elegeu uma "bola da vez"para orientar a demanda de mercado, viveria atualmente um ciclo evolutivo mais transparente, sem grandes rupturas. Pode até ser. Mas uma rápida espiada sobre alguns cenários projetados por especialistas para os próximos anos mostra que inspiração é o que não vai faltar. Adeus à telefonia convencional. Até 2010, as ligações realizadas por meio de redes de internet (VoIP), integrando também recursos para transmissão de dados, estarão presentes em pelo menos 95% das grandes companhias em todo o mundo.
Segundo as projeções do instituto de pesquisas Gartner, migrações desse porte acarretarão em mudanças radicais no atual cenário de telecomunicações. Nos próximos cinco anos, cerca de metade dos provedores de serviços de rede serão adquiridos ou simplesmente desaparecerão. Até lá, está previsto que o preço dos serviços de dados caia 15% anualmente e os serviços de voz entre 7% e 15%, embora o tráfego de informações deva crescer entre 30% e 60%. Pela mesma rede, também trafegará a TV digital, trazendo um "computador" para a sala de estar. Serviço é a palavra de ordem.
A idéia de pagar exatamente por aquilo que se usa ganhará mais força nos próximos anos. Segundo o Gartner, em 2010 pelo menos 30% do software das grandes empresas será entregue por provedores externos e pagos por uso. O instituto aponta que, até 2008, cerca de 80% dos projetos de desenvolvimento de aplicativos de software devem estar nas mãos de empresas terceirizadas. A tendência é de que fabricantes de software alterem o modo de venderem seus produtos, deixando de lado as cotas por licenças para prestarem serviços e suporte.
São mudanças que já estão mexendo com o dia-a-dia de gigantes do setor. "Há andares da IBM, ali na rua Tutóia (base da IBM em São Paulo), que festejam quando fechamos algum contrato de serviços com bancos. Mas há outros que ficam em silêncio, eles sabem que não venderão mais máquinas para aquele banco. Esse é um desafio para a própria IBM", reconhece o sócio da IBM Business Consulting, Luís Antônio Simões Gouveia. As etiquetas de identificação por radiofreqüência (RFID) são candidatas a protagonizar o cenário corporativo de tecnologia da informação nos próximos anos, algo que já tem incomodado muita gente.
A União Européia, preocupada com a proteção da privacidade e dos direitos humanos, criou diretrizes para serem seguidas por companhias e órgãos do governo que pretendam fazer uso das etiquetas, as quais são capazes de captar hábitos de consumo, rastrear indivíduos enquanto passam por locais públicos, entre outras transações. Um estudo da empresa britânica IDTechEx aponta que o mercado global de RFID deve bater a marca de US$ 7,26 bilhões em 2008, quando 46,8 bilhões de etiquetas serão vendidas para o rastreamento de medicamentos, bagagens, animais, livros e passagens.
Em 2010, projeta-se que 48% das etiquetas inteligentes sejam vendidas na Ásia e 32% na América do Norte. E há também o mercado publicitário, um dos mais interessados em fazer propaganda da internet. Não por acaso. Dados da consultoria Jupiter Research apontam que, em 2010, a propaganda online deve chegar a US$ 18,9 bilhões apenas nos Estados Unidos, volume duas vezes maior do que 2004 (US$ 9,3 bilhões). O estudo aponta que o modelo de busca patrocinada - no qual o anunciante posiciona seu anúncio conforme o item procurado pelo internauta - deve concentrar boa parte do mercado publicitário na rede, crescendo a uma taxa anual de 12% nos próximos cinco anos.
Nesse período, tecnologias de rich media (internet rica) e streaming abocanharão receitas da ordem de US$ 4,5 bilhões, ao lado de classificados online, que renderão US$ 4,1 bilhões. Projeções de empresas como Microsoft apontam que o mercado mundial de propaganda digital deve chegar a US$ 21 bilhões em 2008, saltando de uma participação de 2,7% do bolo publicitário mundial, para 3,6%. No Brasil, a estimativa da empresa de pesquisa Forrester é de que a propaganda online atinja a cifra de US$ 200 milhões em 2008, ante os US$ 80 milhões do ano passado.
Quanto ao celular, vai baixar música, texto, TV, telefonia, cartão-de-crédito, banco, internet. Dizer que usa um telefone celular já não será a melhor forma de se referir à nova geração de dispositivos móveis. A integração de serviços já começou e não tem volta. Em países como o Japão, pessoas já conversam pelo celular por meio de redes de internet. Na Finlândia, compra-se de tudo com os dispositivos móveis, apenas aproximandoos de leitores de códigos. Outra boa notícia para usuário é que, até 2010, o preço médio dos equipamentos deve cair, embora o número de equipamentos em uso tenda a crescer fortemente.
Segundo estudo da Frost & Sullivan, as receitas globais com a venda de celulares cairão 16% nos próximos cinco anos, passando de US$ 126,2 bilhões em 2004 para US$ 106,5 bilhões em 2010. Os chips também chegaram para ficar. Pode ser que não estejamos muito próximos da decisão de implantar um dispositivo sob a pele, mas o fato é que esses componentes farão parte da vida de qualquer cidadão. A Inglaterra, por exemplo, aprovou um projeto de lei que cria um sistema para armazenar informações biomédicas de todos os ingleses nas carteiras de identidade.
Até 2010, os mais de 60 milhões de ingleses devem ter uma carteira de identidade equipada com um chip para carregar informações pessoais como impressão digital, mapeamento facial e da íris. A idéia é que essas informações fiquem armazenadas em um grande banco de dados central, batizado de Registro Nacional de Identificação. No Brasil, os ensaios com documentos como CPFs já começaram.
A banda larga também caminha em alta velocidade. A previsão é que em 2010 serão 350 milhões de assinantes, segundo relatório divulgado pelo iSuppli. A pesquisa aponta que haverá um crescimento de 31% no número de assinantes este ano, atingindo 185,74 milhões de pessoas. A curva de crescimento, no entanto, deve desacelerar nos próximos quatro anos. A possível estabilização no número de assinantes se deverá, principalmente, à saturação de usuários em países mais desenvolvidos da América e Europa.
A corrida pela fabricação de supercomputadores deve dominar o cenário internacional, motivado principalmente por pesquisas científicas na área de nanotecnologia e biotecnologia. Países como Estados Unidos e Japão já queimam neurônios. Recentemente, os japoneses começaram a trabalhar no desenvolvimento de um supercomputador capaz de realizar cálculos cerca de 30 vezes mais rápido do que o Blue Gene/L da IBM, hoje o mais veloz equipamento do mundo. Mas, nem tudo são flores no futuro das tecnologias da informação.
Estudo do professor Trevor Barr, da Universidade de Tecnologia Swinburne, da Austrália, aponta que o caos deve tomar conta da internet em 2010. A razão para tanta confusão eletrônica está relacionada ao crescente volume de spams, vírus e outras pragas digitais. A pesquisa Smart Internet 2010 aponta que a internet está se tornando um ambiente pouco funcional devido ao grande número de aplicações que concentra, além de problemas decorrentes da falta de confiança nas operações digitais.

Você lembra por que inventaram a patente?






Você lembra por que inventaram a patente? Alguém, um dia, teve uma boa idéia e quis garantir exclusividade dos lucros com essa tal idéia.Como é a fórmula da Coca-Cola? Patenteada. Os softwares dentro do iPhone? Patenteados. O mais recente Harry Potter, bem, esse já está na internet, para qualquer um baixar. O último CD do Strokes também. Na verdade, um CD que ainda nem foi lançado pela gravadora também já está.Pensando bem, para a fórmula da Coca-Cola, dê um google e me conte o resultado. O fato é que o conceito de Patente, como conhecemos, está ficando obsoleto.No meu último artigo (Forbes nº 160), falei sobre a força da colaboratividade e de como é evidente a tendência das empresas e/ou ambientes produtivos de dedicarem esforços conjuntos para conseguir resultados.
O fato é que quando as boas idéias são resultado de um esforço coletivo, é mais difícil garantir que apenas essa coletividade tenha direito de usufruir dessas idéias, simplesmente porque é quase impossível restringir os segredos (industriais) dentro do grupo que os concebeu. Legal ou ilegalmente, o fato é que a maneira de lidar com a propriedade intelectual está sofrendo uma drástica mudança.Diariamente, milhões e milhões de patentes e copyrights são rompidos. Conteúdo digital passa de uma máquina para outra no formato de arquivos torrent ou compactados em formato zip. Qualquer filme estréia hoje nos computadores, nos chats e fóruns antes de estrear nas salas de cinema.Mas não é só o conteúdo digital que está fluindo pela rede. O mundo está se tornando open source pelo poder dos usuários unidos.Conheça Jon Lech Johansen. Um norueguês de 24 anos responsável por quebras de defesas anticópias dos DVDs. Suas proezas renderam-lhe um apelido no mundo hacker: DVD Jon. Sua última façanha?No dia 29 de junho, o tão esperado iPhone foi lançado pela Apple. Se você não tiver uma conta com a AT&T, seu iPhone não faz nada, fica lá, pedindo para ser ativado. Meses de trabalho de centenas de engenheiros para garantir que o aparelho só funcione depois que o usuário tenha uma conta com a AT&T.Pois apenas 48 horas após o lançamento, DVD Jon publicou uma forma de ultrapassar a barreira tecnológica que prendia o aparelho à AT&T. Com meia dúzia de comandos que DVD Jon publicou em seu blog, curiosamente chamado “So Sue Me” (então processe-me!), o iPhone transforma-se num iPod WiFi.Em pouco tempo, a notícia se espalhou. Do outro lado do mundo, Geohot, um adolescente americano em busca de um projeto de verão, criou um Wiki para o desenvolvimento de uma plataforma de programação para o iPhone. Sua intenção é possibilitar a criação de aplicativos para o aparelho.Enquanto escrevo, a plataforma já gerou seu primeiro “Hello World”, um programa simples, indicando que, em breve, o mundo dos programadores poderá desenvolver complexos aplicativos para o iPhone. Coisa que nem a Apple nem a AT&T queriam que acontecesse. Mas o adolescente e uma comunidade inteira sim.Então processe-os!
Mentor Muniz Neto é VP Executivo de Criação da Bullet e escreve regularmente para o www.updateordie.com
Via Forbes