O britânico Patrick Dixon destaca vantagens do país Considerado pela mídia européia um dos 20 pensadores mais influentes da atualidade, o britânico Patrick Dixon crê que o Brasil caminha para resolver problemas crônicos como a desigualdade social e a violência. O futurólogo, conhecido por prestar consultoria para algumas das maiores empresas do mundo, esteve ontem em Porto Alegre para participar do Fronteiras do Pensamento - ciclo de palestras que está trazendo à Capital grandes intelectuais contemporâneos. Para Dixon, que concedeu entrevista coletiva na tarde de ontem, a precondição para se vislumbrar caminhos para o país é parar de pensá-lo como uma nação única, e considerar as suas imensas desigualdades entre as regiões. A segunda condição é entender que o crescimento econômico "é uma tremenda força de mudança em si mesmo". Apesar de as taxas de crescimento brasileiras serem consideradas baixas se comparadas às de outros países em desenvolvimento, Dixon considera que estão sendo um agente transformador. - Há algo no Brasil que não se pode entender quando o comparamos com Índia e China. A diferença aqui é que a população já migrou para as cidades, local em que se vê mais a violência - afirmou Dixon. Segundo o britânico - que tem entre seus clientes Ford, IBM e Microsoft -, ao contrário do Brasil, em países como China a Índia as populações do interior ocuparão as cidades nos próximos anos: - A população de Xangai vai crescer 30 milhões nos próximos 12 anos. Quando caminhei em uma favela de São Paulo, vi que ela não pode crescer mais do que aquilo. Se o crescimento econômico der emprego a essas pessoas - e isso está acontecendo -, essas comunidades vão mudar. Crediário e criatividade são motores da economia Entre as condições positivas que estariam dadas para o crescimento econômico do país, segundo Dixon, estão as formas criativas dos brasileiros de lidar com a escassez, nitidamente identificáveis nos crediários estendidos e dirigidos à população de baixa renda. - Não conheço nenhum país que ofereça tantas formas fáceis de as pessoas poderem comprar. Você pode parcelar pagamentos em 24 vezes. Essa força criativa será outro motor para o país - afirmou Dixon. O consultor britânico acha que o Brasil também deve ser beneficiado com o mercado de compra de créditos de carbono e previu entradas maciças de capital vindos de governos e grandes empresas. À noite, em sua palestra, Dixon falou sobre o que considera as seis principais tendências para o futuro, entre elas a morte da política, substituída pela mobilização por causas isoladas. O britânico citou os estudantes que faziam manifestação no campus central da UFRGS - mesmo local da palestra - para exemplificar a fragmentação da luta política: -Tentei descobrir o que eles estão reivindicando e ouvi as mais diferentes respostas. Não há um foco. 8
